Um fóssil de tartaruga de grande porte, descoberto na República Tcheca, lançou novas luzes sobre a possível origem de certas espécies asiáticas, questionando o conhecimento prévio sobre sua evolução e dispersão.
A nova espécie, batizada de Manouria morla, foi encontrada em Ahníkov, um sítio fossilífero localizado no norte da Boêmia. A descoberta indica que a raiz evolutiva de algumas espécies asiáticas pode estar na Europa, contrariando a ideia de que sua evolução ocorreu exclusivamente no sudeste asiático.
O sítio de Ahníkov tem se revelado um tesouro de fósseis, incluindo vestígios de crocodilos, salamandras e mamíferos. Estes achados permitem aos cientistas reconstruir com detalhes o clima e a ecologia da Europa Central no início do Mioceno.
Na época, a região da Boêmia possuía um clima tropical úmido, caracterizado por densas florestas e corpos d’água permanentes. A presença da Manouria morla corrobora a hipótese de um ambiente úmido, desafiando antigas suposições de condições semiáridas.
Anteriormente, o gênero Manouria era considerado exclusivo da Ásia, com espécies como Manouria emys e Manouria impressa. A identificação de M. morla na Europa sugere que essas tartarugas podem ter se originado no continente europeu antes de se dispersarem para o Sudeste Asiático.
Após o período conhecido como Ótimo Climático do Mioceno Médio, muitas espécies animais, incluindo tartarugas do gênero Manouria, se dispersaram. Esta descoberta amplia o debate sobre as rotas de dispersão e a evolução genética desses répteis, indicando que a história evolutiva pode ser mais complexa do que se imaginava.
A análise do fóssil revelou características anatômicas que distinguem a Manouria morla de outros membros do gênero, como a estrutura singular do plastrão (a parte inferior da carapaça) e a disposição dos escudos ósseos.
Entre os traços distintos identificados estão a multiplicação dos escudos inguinais, considerada única no gênero, uma estrutura do plastrão inovadora em relação às espécies asiáticas e o design dos escudos ósseos, que sugere uma adaptação ao ambiente tropical úmido europeu.
Portanto, a descoberta da Manouria morla demonstra como um único fóssil pode remodelar o entendimento da evolução de grupos animais e da dinâmica das migrações de espécies. A ampliação do mapa evolutivo do gênero Manouria sugere a necessidade de reavaliar rotas migratórias e origens geográficas de outras espécies.
Por fim, o uso de tecnologias como digitalização 3D fortalece a colaboração científica e oferece novas formas de comparar fósseis, impulsionando o avanço do conhecimento paleontológico em escala global.
