O infarto, uma condição que historicamente afetava por pessoas mais velhas, está se tornando cada vez mais comum entre os jovens brasileiros.
Crescimento alarmante das doenças cardiovasculares entre jovens
De acordo com o Ministério da Saúde, a cada dois minutos, uma pessoa morre no Brasil devido a doenças cardiovasculares, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Essas doenças representam a principal causa de mortes no país.
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam uma mudança preocupante: as internações por infarto em pessoas com menos de 39 anos mais que dobraram nos últimos 15 anos. Esse aumento evidencia uma alteração significativa no perfil das vítimas, com o infarto se manifestando em uma faixa etária antes considerada saudável e ativa.
Sentimento de invulnerabilidade e estilo de vida moderno
Especialistas apontam que o sentimento de invulnerabilidade dos jovens contribui para o atraso na busca por ajuda médica, enquanto o estilo de vida contemporâneo intensifica riscos silenciosos. O médico de Família e Comunidade, Leonardo Demambre Abreu, explica que o sedentarismo, a privação de sono e o uso de drogas estimulantes aceleraram o surgimento de fatores de risco.
O cardiologista Leonardo Severino destaca que o uso crescente de anabolizantes, além de substâncias como cocaína e crack, tem aumentado significativamente os casos de infarto entre jovens.
Os sintomas de infarto em jovens podem ser mais leves e facilmente confundidos com ansiedade, refluxo ou dor muscular, alerta o Dr. Severino. Ele enfatiza que a predisposição genética se torna mais grave quando há histórico de infarto antes dos 60 anos em homens ou 65 em mulheres.
No entanto, é a combinação de fatores genéticos e o estilo de vida que serve como principal gatilho para a doença.
A importância dos exames preventivos
Para prevenir o infarto, mesmo em jovens aparentemente saudáveis, Severino e Demambre recomendam um pacote mínimo de exames preventivos. Este deve incluir avaliação lipídica, medição da pressão arterial, glicemia e eletrocardiograma. Outros exames podem ser necessários, dependendo da orientação médica. A prevenção é crucial, pois a ausência de sintomas não significa ausência de risco.
O Dr. Severino ressalta que jovens com fatores genéticos de risco devem procurar acompanhamento precoce e realizar exames regularmente. Já Demambre enfatiza a importância de um tripé básico de prevenção: sono adequado, alimentação natural e atividade física regular. Além disso, ele recomenda o controle periódico da pressão arterial, glicemia e colesterol, mesmo na ausência de sintomas.
Diferenças de gênero e o impacto do estilo de vida
Os especialistas também destacam diferenças de gênero nos números de infarto. Segundo o Dr. Severino, homens são naturalmente mais vulneráveis nas primeiras décadas de vida, enquanto as mulheres têm uma proteção hormonal temporária. No entanto, o Dr. Demambre observa que os homens costumam buscar menos assistência médica e se expõem mais ao tabagismo.
O crescimento dos casos de infarto entre mulheres é associado ao uso conjunto de cigarro e anticoncepcional, uma combinação que amplifica drasticamente o risco. Além disso, o cardiologista aponta que a sobrecarga de tarefas, o sedentarismo e o estresse, hoje presentes na rotina feminina, contribuem para o aumento dos casos.
Estilo de vida moderno: um inimigo do coração
O estilo de vida moderno tem se mostrado um inimigo do coração. O Dr. Severino explica que a combinação de sedentarismo, consumo de alimentos ultraprocessados e estresse aumenta a produção de radicais livres e provoca inflamação vascular.
Isso desestabiliza placas nas artérias e facilita o infarto. Demambre associa esse cenário ao aumento da resistência à insulina, obesidade central e hipertensão, três marcadores que estão surgindo cada vez mais cedo entre os jovens.
Para combater esses riscos, é essencial adotar um estilo de vida mais saudável, com foco em uma dieta equilibrada, prática regular de exercícios físicos e gerenciamento do estresse. Essas mudanças podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, mesmo em indivíduos jovens e aparentemente saudáveis.
O uso crescente de anabolizantes, além de cocaína e crack, tem aumentado muito os casos de infarto entre jovens.
| Fatores de Risco | Impacto |
|---|---|
| Sedentarismo | Aumenta a obesidade e a resistência à insulina |
| Privação de sono | Contribui para o estresse e problemas cardiovasculares |
| Uso de drogas | Impacto cardiovascular direto e rápido |
| Alimentação inadequada | Aumenta a inflamação vascular |
