Bares e restaurantes do Rio de Janeiro observam uma recuperação gradual na venda de drinques, após um período de queda acentuada devido à crise de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. O impacto inicial lembrou o período da pandemia para muitos estabelecimentos.
Um exemplo é o P’Alma, que integra a Casa Horto. Antes da crise, vendia cerca de 500 drinques semanalmente. Após os primeiros casos de intoxicação, as vendas despencaram para apenas 50. Atualmente, o estabelecimento já comercializa cerca de 350 drinques por semana.
A bartender Jessica Sanchez, consultora da Casa Horto, acredita que a confiança dos clientes nas bebidas servidas foi restabelecida e que a crise aumentou a consciência dos consumidores, que agora preferem consumir em locais confiáveis após a crise do Metanol.
Durante o auge da crise, o P’Alma focou em drinques como Aperol Spritz, percebendo que a preocupação dos consumidores era maior com destilados como vodca e gin. A produção própria de gin, o OBY, feito artesanalmente com 22 botânicos da Mata Atlântica, também contribuiu para manter a confiança dos clientes.
Fernando Blower, presidente do sindicato de bares e restaurantes do Rio de Janeiro, o SindRio, afirmou que a crise afetou significativamente os estabelecimentos que dependem da venda de destilados, especialmente aqueles que nunca cometeram irregularidades, mas foram penalizados pela desinformação.
Os drinques tiveram um aumento nas vendas em bares e restaurantes
No Cafofo Pub, em Botafogo, a recuperação está em andamento. As vendas, que eram de cerca de mil drinques por semana, caíram 95% no início da crise. Atualmente, o estabelecimento vende cerca de 500 drinques semanalmente.
O sócio Marcos Tulio Filho relata que muitos clientes migraram para o consumo de cervejas, inclusive as sem álcool, por precaução.
Jonas Aisengart, sócio de um grupo com 11 restaurantes e bares no Rio, incluindo o Quartinho, afirma que este último, especializado em drinques, viu suas vendas caírem de 1.500 para 200 drinques por semana no auge da crise.
Agora, a venda semanal está em torno de mil unidades, mostrando uma recuperação gradual. O grupo planeja lançar marcas próprias de gin, vodca, cachaça e rum no primeiro semestre do próximo ano, com produção terceirizada e acompanhamento rigoroso de cada etapa.
Até o momento, o Ministério da Saúde registrou 97 casos de intoxicação por metanol no país, com 62 confirmados e 35 sob investigação. Foram confirmadas 16 mortes em decorrência da contaminação.
