Um estudo recente investigou os desafios na comunicação sobre o HIV no Brasil, analisando campanhas de prevenção desde o surgimento da Aids no país, na década de 1980.
Pesquisadores das áreas de comunicação, sociologia e saúde pública examinaram a produção, divulgação e interpretação de materiais informativos como folders, cartazes e conteúdo de mídias sociais por diferentes grupos sociais.
A pesquisa avaliou como as estratégias de comunicação massiva e as campanhas de divulgação de tecnologias de prevenção são compreendidas pela população, buscando identificar seus pontos fortes e a necessidade de melhorias.
Diante dos avanços na prevenção e tratamento do HIV, as políticas de controle da epidemia priorizam a identificação precoce e o tratamento de pessoas infectadas para reduzir a circulação do vírus. A expansão da oferta de testes e das profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP) ao HIV tem sido priorizada.
O estudo explorou os simbolismos de folders e cartazes produzidos por instituições governamentais e pelo movimento social do Rio de Janeiro, além de analisar as concepções de profissionais de saúde e gestores sobre a divulgação da PrEP e da PEP.
A investigação revelou que as mensagens das peças de comunicação coletadas em serviços de saúde do Rio de Janeiro enfatizam a dimensão clínica das profilaxias, centralizando a figura do médico e o acesso por ferramentas digitais.
As implicações do uso das profilaxias no campo da sexualidade, no entanto, não são abordadas nas mensagens visuais e de texto.
A pesquisa apontou dificuldades na implementação da PrEP devido à rotatividade de profissionais de saúde na rede pública e a resistência de profissionais considerados “conservadores”.
Em contraste com campanhas amplas do passado, os interlocutores mencionaram poucas campanhas ou investimentos visíveis na comunicação sobre PrEP e PEP. As mídias sociais, ONGs e equipamentos das políticas LGBTQIA+ foram as vozes mais frequentemente citadas.
O estudo destacou que a comunicação das estratégias preventivas prioriza a disponibilidade de insumos biotecnológicos, sendo a enunciação relativamente discreta e protagonizada por múltiplas vozes.
Identificar símbolos, linguagens e canais de comunicação para reduzir a distância entre o público e as estratégias preventivas é um desafio.
A pesquisa revelou disparidades no acesso à PrEP, com predomínio de uso entre homens gays e bissexuais com alta/média renda e escolaridade, contrastando com a reduzida demanda de populações vulneráveis. O acesso à PEP também predomina entre homens gays e outros HSH cisgênero.
