O mercado de Cânhamo e cannabis medicinal no Brasil, impulsionado por recentes avanços regulatórios, debate o futuro da produção nacional.
O setor, que atrai a atenção de órgãos de pesquisa, agências reguladoras e do governo, foi tema central do 3º Cannabis Connection 2025, realizado em São Paulo.
Especialistas, pesquisadores, médicos e representantes do setor se reuniram para discutir o desenvolvimento, os desafios e as oportunidades da cannabis medicinal e do cânhamo industrial no país.
O evento, com o tema “O Novo Cenário da Cannabis e do Cânhamo no Brasil: Avanços, Desafios e Oportunidades”, promoveu networking, debates e a apresentação de dados estratégicos sobre o mercado.
A diferença entre cannabis e cânhamo foi um dos pontos de destaque. A cannabis, da espécie Cannabis sativa, possui variedades com diferentes composições químicas.
A cannabis medicinal possui altos níveis de THC, composto psicoativo com efeitos terapêuticos como alívio da dor, controle de náuseas, estímulo do apetite e redução de crises convulsivas.
Já o cânhamo, também da Cannabis sativa, contém menos de 0,3% de THC, não produz efeito psicoativo e possui aplicações industriais em áreas como fibras, alimentos, cosméticos, biocombustíveis e materiais de construção.
Apesar do potencial do cânhamo, a legislação brasileira o trata da mesma forma que a maconha recreativa, impedindo o plantio comercial. Em contrapartida, países como Canadá, Estados Unidos, China, Argentina e Uruguai avançam em pesquisa, produção e exportação.
Além disso, em novembro de 2024, o STJ definiu que o cânhamo industrial, com teor de THC inferior a 0,3%, não pode ser considerado proibido, permitindo a concessão de autorização sanitária para plantio, cultivo, industrialização e comercialização por pessoas jurídicas, para fins medicinais e farmacêuticos, mediante regulamentação da Anvisa.
Embrapa enfatiza o papel da ciência e tecnologia com Cânhamo e Cannabis
A Embrapa enfatiza o papel da ciência e da tecnologia para impulsionar o setor, ressaltando a estrutura científica e agrícola robusta do país, com unidades de pesquisa, laboratórios e centros internacionais com tecnologia compatível com a bioeconomia.
A cannabis pode gerar benefícios ambientais, ajudar na captura de carbono e fornecer matéria-prima para indústrias de medicamentos, alimentos e biocombustíveis. A instituição aponta demanda e capacidade produtiva instalada, mas o cultivo comercial ainda depende de regulamentação oficial, prevista para 2026.
A Anvisa avança na revisão da RDC 327, que já autorizou produtos à base de canabidiol e extratos vegetais, recebendo contribuições em consulta pública. Os produtores rurais do agronegócio estão de olho.
A registra produtos à base de cannabis e acompanha médicos prescritores, atuando no controle sanitário, registro de medicamentos e importação de produtos. A expectativa é que a nova regulamentação seja aprovada em 2025.
Por fim, o número de prescrições médicas aumentou, com neurologistas e psiquiatras liderando os casos. Até setembro de 2025, cerca de 180 a 185 mil pacientes utilizam produtos via importação, com mais de 320 mil autorizações válidas nos últimos dois anos.