A cadeia da soja no Brasil está prestes a alcançar um marco significativo para o PIB do agronegócio em 2025.
Crescimento expressivo da cadeia da soja
De acordo com um estudo recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em colaboração com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja deverá representar 23% do PIB do agronegócio brasileiro em 2025.
Este crescimento reflete não apenas a importância crescente da soja na economia agrícola do país, mas também sua influência no cenário econômico nacional, onde deverá responder por 5,7% do PIB total.
O estudo destaca que esse crescimento é impulsionado por uma safra recorde de soja esperada para 2024/2025, além de um aumento significativo no processamento do grão pela indústria nacional. Esse movimento deverá resultar em um crescimento de 11,66% no PIB da cadeia da soja e do biodiesel em 2025, um avanço considerado expressivo pelos pesquisadores envolvidos.
Impacto do biodiesel e processamento da soja
Um dos fatores que impulsionam o crescimento da cadeia da soja é o segmento de biodiesel, que teve um desempenho notável no terceiro trimestre de 2025.
A introdução do B15, a mistura obrigatória de 15% de biodiesel com 85% de diesel, em agosto, foi um dos catalisadores desse crescimento. Essa política não apenas aumentou a demanda por biodiesel, mas também incentivou o processamento de soja para atender a essa demanda crescente.
Além disso, o esmagamento da soja acompanhou as melhorias nas perspectivas para o ano, conforme avaliado pela Abiove. Este processo de esmagamento é crucial, pois permite que o Brasil agregue valor ao grão, em vez de simplesmente exportá-lo in natura.
O estudo indica que o PIB gerado por tonelada de soja processada no Brasil pode ser 4,2 vezes maior do que aquele obtido com a exportação direta do grão.
Desafios com a queda dos preços
Apesar do desempenho robusto em termos de volume, a cadeia da soja enfrenta desafios significativos relacionados aos preços. Entre janeiro e setembro de 2024 e o mesmo período de 2025, os preços da cadeia recuaram 7,27%.
Essa queda é atribuída a um efeito de base, já que o terceiro trimestre de 2024 foi marcado por fortes elevações de preços, enquanto 2025 apresentou uma alta mais moderada.
Essa variação negativa nos preços levou à revisão para baixo das projeções de crescimento da renda da cadeia da soja e do biodiesel. A expectativa atual é de um aumento de 3,54% na renda da cadeia em 2025, um número que, embora positivo, foi revisado para baixo pela segunda vez no terceiro trimestre, em comparação com uma previsão anterior de 11,19%.
Perspectivas para o futuro da Cadeia da soja
O futuro da cadeia da soja no Brasil parece promissor, apesar dos desafios. A expectativa é que o país encerre 2025 com uma exportação de 109,28 milhões de toneladas de soja. Este volume significativo reflete não apenas a capacidade produtiva do Brasil, mas também sua posição de destaque no mercado global de soja.
No entanto, o setor deve permanecer atento às variações de preços e às condições do mercado internacional. A recente decisão da China de cancelar compras de soja de cinco empresas brasileiras é um exemplo dos desafios que podem surgir. Além disso, a reforma tributária e as mudanças nas políticas comerciais internacionais podem impactar o setor de forma significativa nos próximos anos.
Conclusão
A cadeia da soja no Brasil está em uma trajetória de crescimento notável, com potencial para se tornar ainda mais influente na economia nacional. O aumento na produção e no processamento, aliado a políticas como o B15, estão impulsionando o setor para novos patamares. No entanto, os desafios relacionados aos preços e às condições do mercado internacional exigem atenção contínua.
O cenário para 2025 é de otimismo cauteloso, com a esperança de que o setor continue a prosperar e a contribuir significativamente para o agronegócio brasileiro e para a economia como um todo.
O PIB gerado por tonelada de soja produzida e processada no Brasil pode ser 4,2 vezes maior do que aquele obtido com a exportação direta do grão in natura.
