Fundador do BTG Pactual, um influente banqueiro expressou preocupação com o tamanho do programa Bolsa Família, apesar de se declarar um defensor da iniciativa desde sua concepção. A declaração foi feita durante um evento do Milken Institute, na segunda-feira, 10 de novembro de 2025.
Para o executivo, o Bolsa Família, essencial como rede de proteção social no Brasil, expandiu-se além do considerado ideal. Ele argumenta que a dimensão atual supera a de países como França, Noruega e Suécia, levantando questões sobre a compatibilidade com o cenário de escassez de mão de obra.
O banqueiro também questionou a política de reajuste anual real do salário mínimo, argumentando que tal medida é controversa em um contexto de pleno emprego.
Ele ressaltou ainda o impacto dessa política sobre a previdência, alegando que aposentados no Brasil desfrutam de um ganho de produtividade anual de 2,5% sem contrapartida, algo incomum mesmo em democracias sociais europeias.
Além do Bolsa Família Inflado, Esteves também criticou o Copom
A taxa de juros de 15%, mantida pelo Copom, também foi alvo de críticas. O banqueiro acredita que o Brasil não justifica tal patamar e aponta para uma falta de coordenação entre a política monetária e fiscal.
Ele descreveu o Banco Central como um agente de inteligência artificial, seguindo um script predefinido para determinar a taxa de juros, que considera excessivamente alta para a realidade brasileira.
Portanto, apesar das críticas, o executivo previu uma queda gradual da taxa de juros em 2026, enfatizando a importância de definir o patamar final desse ciclo de recuo. Ele também defendeu um ajuste fiscal de 2% do PIB, afirmando que não vê grandes obstáculos para sua implementação.
No âmbito da política externa, o banqueiro comentou sobre a ascensão da China e a crise do multilateralismo, destacando que mudanças geopolíticas inevitavelmente geram vencedores e perdedores.
Contudo, ele não vislumbra o Brasil ou a América Latina nesse segundo grupo, enfatizando que o Brasil mantém boas relações com diversos países e regiões.
Além disso, outro ponto forte do Brasil, segundo ele, é o setor produtivo. Ele projeta que o país será responsável por 80% do crescimento do consumo alimentar mundial nos próximos 20 anos, um “tremendo soft power” que, apesar de subutilizado, confere uma posição geopolítica relevante.
Ele ainda avaliou como correta a postura do governo brasileiro durante tensões diplomáticas e comerciais, com o apoio do setor privado.
